20 de janeiro de 2009

Reprocessando Identidade



Hoje em ensaio mais uma vez saudades/falta. Falta do Buteco, da Dani, da Ale, da Jeni, da música, da Beta. Mas a falta significa vazio? Ela tem inerentemente a idéia de má sensação? Saudades é um buraco maléfico que nos ocupa? (Guarde a idéia)


Boas sensações no exercício de coreografia remota. O trabalho se fez com um coreógrafo, dois executores (Eu, Nilton e Thaís – que alternamo-nos nos postos) e duas observadoras (Fabi e Luíza). Este trabalho nos permitiu diálogos de olhos, voz e corpos onde todos fazíamos um corpo em linguagem, um organismo em expressão. Um fato que ergueu-se para mim foi o lugar de onde danço, por onde danço, por que eu danço, como eu danço e a pesquisa se tornou muito mais interessante devido a minha ambições deste ano como artista. Quem era aquele Henrique que estava no ensaio? Era aquele que tem saudades, aquele que tem objetivos e aquele que estava alí na esteira do reprocessamento reciclando. (Guarde a caneta)


No meio do trabalho Diego nos questionou: o que é dança? Todos os presentes deram seu parecer, eu preferi ficar calado. Minha opção de não emitir nenhum parecer acerca da pergunta foi simples e complexa, a cada pronunciamento eu me via falando e ao mesmo tempo me faltando, eu me via certo e ao mesmo tempo errado da resposta, me ouvia certo e ignorante sobre o valor que estava sendo dissecado. O que é dança? O mais próximo que consigo chegar no momento é: dança é uma brincadeira-séria, qualquer acento ou letra que eu adicione no momento estará me descontentando quanto artista. Por que não falei isso no ensaio? Simplesmente por uma questão ... (Guarde a respiração)


Agora reveja a idéia, a caneta e a respiração e então eu digo: Identidade.



"Identidade é o conjunto de caracteres próprios e exclusivos com os quais se
podem diferenciar pessoas, animais, plantas e objetos inanimados uns dos outros,
quer diante do conjunto das diversidades, quer ante seus semelhantes.
Sua
conceituação interessa a vários ramos do conhecimento (história, sociologia,
antropologia, direito, etc.), e tem portanto diversas definições, conforme o
enfoque que se lhe dê, podendo ainda haver uma identidade individual ou
coletiva, falsa ou verdadeira, presumida ou ideal, perdida ou
resgatada.
Identidade ainda pode ser uma construção legal, e portanto
traduzida em sinais e documentos, que acompanham o indivíduo." (Winkipédia)


Quando mexemos em reprocessamentos estamos mexendo em valores, em identidades, estamos desconstruindo e se você mergulha neste processo precisa se permitir desconstruir as verdades, respostas prontas, o dia de ontem, o café da manhã. Como falei em minha primeira interatividade com este blog: O melhor não é estar dentro do processo, mas o processo estar dentro de você.
Procurei assim não emitir verdade sem antes reprocessá-las, o que é dança para o Henrique em Reprocessamentos? Qual é minha identidade nesta transdução? Eu ainda sou nomeável como Henrique? Ainda ocupo apenas um corpo? Tenho quantas pernas? O que me falta que estou reprocessando ?


Lembro-me da imagem videográfica do trabalho do Diego 'Por baixo da Mesa' (2006) e as pernas, as múltiplas pernas.


"Enquanto eu estava subindo as escadas eu vi um homem que não estava lá" - filme Identity (2003) dirigido por James Mangold


4 comentários:

  1. É... estar dentro do processo não siginfica que ele está dentro da gente. E nao há nada nem ninguém que possa injetá-lo em nós, senão nós mesmos, se assim quisermos... Ficadica!

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  2. OOOOO meu pai... Ajuda o meu corpo!!!
    HUhuahuahuahuahu outro cruzameto!!! O processo na carne. Na memoria e fora dela. Nas referencias passadas e presentes. Isso de injetar o processo é uma imagem ta foda... me deu coisinhas!!! Ficouadica de me perguntar como fazer para facilitar a injecao do meu processo na carne e na identidade do outro?...

    Ai ai... adoro por que aqui a coisa anda!!!
    Ooo maravilha!!!

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  3. Estava eu pensando a cerca da coreografia remota, da presença do Douglas no blog, e do cruzamento com tecnologia que temos nas referências do trabalho (videodança). Uma vez que a proposta incial era o coreógrafo não ver os bailarinos e vice-versa e temos o comando apenas pela voz, como seria o movimento através do comando escrito? Como passar velocidade, peso, intenção através do texto escrito? Por que não um experimento de coreografia remota por msn e depois uma reprodução dos bailarinos em sala de ensaio?

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  4. Aiai...Tantas coisas...Prometo para mim mesmo escrever aqui...Naquele meu tempo já conhecido, mas escreverei. Meu corpo sentiu falta do ensaio, de estar brincando no espaço, de ver aquelas caras que eu gosto tanto. Senti falta das brincadeiras e do jogo. Gosto dessas pessoas com quem estou trabalhando e como isso está me fazendo bem, todo esse trabalho em si. Amanhã estarei aí, bem entregue e sem boicote, haauahauahau. Coisas queridas...Beijim xuxus!!!

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