28 de janeiro de 2009

FORMALISMO

Luíza, conforme comentei, podes dar uma lida sobre questões da forma/formalismo em:

- Rosalind Krauss
- Yve-Alain Bois
- Clement Greenberg (cuidado com ele, hehehe)
- Susanne Langer (ela fala bastante de dança)
- Mônica Dantas (a ‘nossa’ mesmo)


Podes também dar uma olhada nesse texto, http://www.eba.ufmg.br/grupo/textopiti02.htm. A autora faz um brevíssimo e eloqüente resumo das correntes formalistas na arte.

Falando abertamente.. desculpe por não ter lido os textos, desculpem meus colegas de trabalho pois eu não tinha o que compartilhar a cerca do assunto, desculpe Diego por se tratar sim de uma falta de respeito com teu esforço e trabalho, desculpe trabalho por eu não ter procurado entender este teu lado sendo assim preconceituoso contigo, desculpe mim por não ter me organizado neste sentido.
Depois de limpar minhas fraldas cagadas por não ter lido o texto, por ficar fora d'água, por me encantar com a aula da Ale e é óbvio que não sou louco nem besta (li os textos); segui....

adentrando o vídeo ...

deparei-me no youtube com o seguinte vídeo, que vinha anexado com as informações: o hit do carnaval de 2009, você nunca viu nada igual, uma música para toda família.
o vídeo é uma manipulação interessante de palavras, mas o que mais chamou a atenção foi as passagens/rolagens e reaproveitamento das palavras. O texto é um contínuo zap em um looping de axé. E pelo que captei do texto 'O vídeo é o corpo' pergunto: 'Cadê Xoxó 'será arte????

Luíza o 'esquilo' me me enrolou também.

Anexo aqui


Cadê Xoxó - crédito Kibe Loco

27 de janeiro de 2009

Meus amores

A saudade não tira férias...
Dancem e reinventem-se para dar conta do fluxo da vida/corpo/mundo.
com amor,
Beta

INTRODUÇÃO À PESQUISA [MODE ON]: FUNCIONANDO!

O ensaio de hoje foi pesado – daquela qualidade que se opõe ao leve. Talvez pelo fato de termos tido, pela primeira vez, uma conversa acerca das coisas todas que nos envolvem e que envolvemos: carnes, espaços, movimentos, idéias, desejos, incômodos, pedras-no-sapato, etc. Talvez pelo fato da aula ter contribuído para que isso emergisse (o tema ‘aula’ gera sempre uma boa conversa!).

Da mesma maneira todos ficam/ficaram intrigados com alguma coisa, seja com a dança, com a sua dança, com o processo em si, confesso que fiquei incomodado com as não-leituras e a impossibilidade de discussão sobre o próprio projeto. Reiterando o que comentei quase no fim de nosso papo, não ler os textos, que foram ‘mastigadamente’ dados nas mãos, significa, pra mim, não me ler, não ler o terreno onde se está pisando, não ler Gaia, não ler-se nessa imagem que começa a ser desenhada em conjunto.

Aliás, o que (v)lemos do/no mundo? Essa é, talvez, uma das grandes perguntas do processo.

Estar imerso num trabalho requer relações com os nossos trabalhos individuais – o que chamo de estudo. E relacionar-se com nossos trabalhos individuais requer disponibilidades que não são evidenciadas somente no ato de comparecer ao ensaio. O ensaio é, na verdade, para o processo, o nosso ‘espetáculo de cada dia’. Um momento de convergência e mistura de nossas ações e reflexões no universo-arte e no mundo-projeto.

Talvez por isso a decisão da Roberta tenha sido, a meu ver, sábia e correta para com ela e para conosco. O tempo que a Beta mencionou não ter, não refere-se ao tempo objetivo das 3 horas de ensaio: é o tempo de relação para com seu trabalho, do qual ela precisa de férias.

Sim, isso é um trabalho. É uma pesquisa e como tal deve ser encarada. Há maneiras e maneiras de se pesquisar e estudar? Sim, há. Mas precisam, de alguma forma, ser feitas e ‘formalizadas’ no nosso ‘espetáculo de cada dia’.

Atuar e reger um espetáculo a cada ensaio não é tarefa fácil, e o suor desse trabalho é, por vezes, invisível a olho nu. Lentes, lupas, binóculos, óculos, aparatos de percepção e sensibilidade são fundamentais para que a pesquisa avance.

Felizmente, ao final de um ensaio como esse e após escrever este texto, pra mim fica mais nítida a imagem de que estamos todos começando a nos aparelhar e a sentir na carne os efeitos dessa ‘coisa toda mesma’...

Introdução à pesquisa [mode on]: funcionando!



Zap. Corta para a cozinha e um sanduíche bem gordo.



PS: Dani, temos saudade.

26 de janeiro de 2009

22 de janeiro de 2009

Até breve!

Queridos!

Não consegui me despedir de vocês! Estou indo amanhã!
Hoje aconteceu um contratempo de saúde com a minha mãe. Ela teve que ir para a emergência da Santa Casa, já está medicada e, bem, na medida do possível.
Embarco com o coração apertado!

Desejo um ótimo mês de trabalho para vocês, sempre que eu puder acessarei o nosso blog.

Beijos, muitos!
Gente,

já tinha falado com o Di sobre a possibilidade de eu não estar presente hoje.
Enfim, confirmo a minha ausência. Bom ensaio a todos, me mantenham atualizada.
Beijos,beijos...

21 de janeiro de 2009

ALGUMAS RESOLUÇÕES

1. Ensaios as terças e quintas, das 19h às 22h, na Cia de Arte. Já a partir desta quinta, 22/01.

2. Ficou estabelecido que o blog servirá como mais um espaço de ensaio para que possamos discutir e compartilhar coisas. Portanto, fica combinado que no mínimo 1x por semana cada um deve postar alguma coisa aqui; seja um texto, uma imagem, um vídeo, ou qualquer outra referência que possa contribuir para o processo.

3. Teremos que, em breve, somar mais um dia de ensaio em nosso cronograma semanal.

Relato de um reprocessando


Quando fui convidado para fazer parte do projeto Reprocessamentos Coreográficos a primeira pergunta que me fiz foi: Estou pronto para reprocessar e ser reprocessado? Estou disponível para me remexer (e aqui nos dois sentidos)?


Vejo através da comunicação social a questão de que eu sou o MEIO através do qual o coreografo vai se comunicar com o público então eu preciso permitir que a proposta dele me contamine, que eu me torne uma parte de seu ser, apenas assim poderei carregar a informação da forma mais fidedigna. Sim isto já é um resultado de reprocessamento, uma vez que quanto ser humano eu seria um retransmissor e portanto um emissor, mas eu me reciclo e me formo meio e assim me torno disponível.


Vejo através das artes a questão como um APAIXONADO através do qual a criação se funde a criatura pois, elas em lapsos de tempo, se tornam unas e apenas assim conseguem transduzir signos, símbolos e se alimentarem uma da outra. A obra e o artista estão em constante gestação e quanto mais se nutrem mais se complementam, então entra a questão de que apenas o artista pode “engravidar” da idéia e assim geri-la dentro de si.


Vejo através da psicologia a questão como um GRUPOS OPERATIVOS através do qual você se abre para os diálogos e a sinceridade é uma ferramenta essencial, a disponibilidade de tocar nas feridas (deixar que toquem nas suas e ter coragem e cuidado para tocar nas alheias). Dentro de um grupo operativo não há disputa, não há vencedores uma vez que eles estão interligados e interdependentes, todos trabalham em prol de uma tarefa. O trabalho deste processo acaba gerando a dissolução de certas barreira de individualidade e criando um corpo policiente.
No momento que aceitei o trabalho do Diego me coloquei com estas disposições uma vez que as encontrei nelas o diálogo junto aos Reprocessamentos Coreográficos e também acredito que um hermetismo em arte é pobre e necessita sempre da troca com outra áreas do conhecimento; fique claro que não vejo isso exclusivamente na arte eu acredito no conhecimento plural, no homem grego, portanto todas as áreas são enriquecedoras umas das outras.


Quanto aos presentes “resultados”:


Perdi minhas unhas pretas
Ganhei 2Kg
Perdi meu anel do primeiro noivado
Ganhei o apoio da família para dançar
Perdi meu relógio biológico
Ganhei novos contatos


Recuperei minha intimidade com as artes
Transduzi a mim o uso de fósforos
Reciclei algumas garrafas de vodka vazias
Reloquei meus dados virtuais
Re-signifiquei a idéia de salutar para mim


Aprendi a dançar na boquinha da garrafa com a centrifugação da máquina de lavar-roupas;
Descobri que o HD do meu PC é pequeno para todas as músicas que eu gostaria de me mover;
Assumi que minhas palavras não sabem fazer sólos; de mãos dadas, por hífen, chegam no sentido que desejo, dançam cirandas;
Desvelei a pluralidade da minha arte, me vendo como artista contemporâneo e não mais específico como escritor, bailarino, performer, ...
Entendi que a falta não me torna incompleto, pelo contrário ela me completa e assim me dá movimento e sentido;
Percebi que posso dispor de outros corpos, outras mentes, outras presenças-ausências; que posso ter quantas escápulas eu conseguir recrutar.


Ao reprocessar minhas coreografias mentais, sociais, artísticas, sensitivas troquei os muros por um gramado verde onde Merleau-Ponty rola com Snoop enquanto Dante Alighieri toma chimarrão com a Sônia esperando o Segundo Sol chegar. E tudo isso é dança.


“Eu quero ver a intenção no teu movimento.”
“Me mostre o que é dança e como você pensa ela através do movimento.”
“É importante deixar claro para os outros como você pensa a dança.”


Hei-la em simples complexidade. Não tenho admirado os fundamentalismo e as verdades perfeitas muito menos as celas conceituais, a não ser, que estas sejam para cavalgar sentido a fora.


... reciclar não faz bem só para o planeta, para seres humanos também.


Quando vamos dançar com o Lego?

imagem do post :
The art of the brick de Nathan Sawaya

20 de janeiro de 2009

Reprocessando Identidade



Hoje em ensaio mais uma vez saudades/falta. Falta do Buteco, da Dani, da Ale, da Jeni, da música, da Beta. Mas a falta significa vazio? Ela tem inerentemente a idéia de má sensação? Saudades é um buraco maléfico que nos ocupa? (Guarde a idéia)


Boas sensações no exercício de coreografia remota. O trabalho se fez com um coreógrafo, dois executores (Eu, Nilton e Thaís – que alternamo-nos nos postos) e duas observadoras (Fabi e Luíza). Este trabalho nos permitiu diálogos de olhos, voz e corpos onde todos fazíamos um corpo em linguagem, um organismo em expressão. Um fato que ergueu-se para mim foi o lugar de onde danço, por onde danço, por que eu danço, como eu danço e a pesquisa se tornou muito mais interessante devido a minha ambições deste ano como artista. Quem era aquele Henrique que estava no ensaio? Era aquele que tem saudades, aquele que tem objetivos e aquele que estava alí na esteira do reprocessamento reciclando. (Guarde a caneta)


No meio do trabalho Diego nos questionou: o que é dança? Todos os presentes deram seu parecer, eu preferi ficar calado. Minha opção de não emitir nenhum parecer acerca da pergunta foi simples e complexa, a cada pronunciamento eu me via falando e ao mesmo tempo me faltando, eu me via certo e ao mesmo tempo errado da resposta, me ouvia certo e ignorante sobre o valor que estava sendo dissecado. O que é dança? O mais próximo que consigo chegar no momento é: dança é uma brincadeira-séria, qualquer acento ou letra que eu adicione no momento estará me descontentando quanto artista. Por que não falei isso no ensaio? Simplesmente por uma questão ... (Guarde a respiração)


Agora reveja a idéia, a caneta e a respiração e então eu digo: Identidade.



"Identidade é o conjunto de caracteres próprios e exclusivos com os quais se
podem diferenciar pessoas, animais, plantas e objetos inanimados uns dos outros,
quer diante do conjunto das diversidades, quer ante seus semelhantes.
Sua
conceituação interessa a vários ramos do conhecimento (história, sociologia,
antropologia, direito, etc.), e tem portanto diversas definições, conforme o
enfoque que se lhe dê, podendo ainda haver uma identidade individual ou
coletiva, falsa ou verdadeira, presumida ou ideal, perdida ou
resgatada.
Identidade ainda pode ser uma construção legal, e portanto
traduzida em sinais e documentos, que acompanham o indivíduo." (Winkipédia)


Quando mexemos em reprocessamentos estamos mexendo em valores, em identidades, estamos desconstruindo e se você mergulha neste processo precisa se permitir desconstruir as verdades, respostas prontas, o dia de ontem, o café da manhã. Como falei em minha primeira interatividade com este blog: O melhor não é estar dentro do processo, mas o processo estar dentro de você.
Procurei assim não emitir verdade sem antes reprocessá-las, o que é dança para o Henrique em Reprocessamentos? Qual é minha identidade nesta transdução? Eu ainda sou nomeável como Henrique? Ainda ocupo apenas um corpo? Tenho quantas pernas? O que me falta que estou reprocessando ?


Lembro-me da imagem videográfica do trabalho do Diego 'Por baixo da Mesa' (2006) e as pernas, as múltiplas pernas.


"Enquanto eu estava subindo as escadas eu vi um homem que não estava lá" - filme Identity (2003) dirigido por James Mangold


19 de janeiro de 2009

A SAUDADE SEGUNDO O REPROCESSAMENTO:

A saudade é uma esteira de reciclagem...

diário de dentro

Pausa forçada. Bem acomodada, num canto. Mas dentro. Um canto de dentro.

Primeiro dia de caneta em punho. Perna pra cima, joelho imóvel.

Uma fala do Diego me fez pegar a caneta - dança contemporânea tem vocação também pra falar de seus pares, de outras danças, não só do orgânico, do de dentro do corpo, do que forma o corpo físico, mas do que forma o corpo social.

Dancei olhando. Algumas intenções se desenham timidamente nos corpos. Acho interessante quando a partitura fica quase invisível. O Diego parece achar o mesmo. Pede para cada um brincar com um movimento só.

Quando estou dançando não só olhando, sinto necessidade de ser instigada a sair do que é confortável pra mim. Sinto isso nos meus colegas também. Tenho este movimento para além do que me é conhecido como um grande desafio e uma grande vantagem da improvisação.

De dentro de fora, consigo ver aqueles momentos quase mágicos em que algo diferente se instaura. Nos corpos, na relação entre os corpos. Os bailarinos se transformam em um grupo dançando. É lindo ver gente caminhando. Só caminhando. Fecho o foco. Faço um vídeo mental das pernas caminhando. Todas aquelas pernas. Duas de cada um. Um monte.

Difícil ouvir Elis sem cantar. Quaquaraquaquá.

A pausa forçada começa a dar falta de ar. Sou chamada. Várias vezes. Os olhares e os corpos me chamam.

Como é bonito ver gente caminhando.

16 de janeiro de 2009

LOCAL DE ENSAIO

Galera,

Nossos ensaios da próxima semana já serão na Cia de Arte. Das 19h às 22h.

Agendem-se!

PS1: nesta terça vamos manter às 20h; combinamos o outro horário para os próximos.

PS2: João, veja pra mim, por favor, com o Vicente, se o som do Nilton/Gaia está na Cia de Arte.


PS3: Só para confirmar: o ensaio de 20/01 será às 20h. A Dani Fabi comandará o início do ensaio, e quando eu chegar, às 21h, olhamos os resultados.

EFEITO ZAPPING

Galera, conforme combinado, estou disponibilizando o texto que faltava, "Efeito Zapping", do Arlindo Machado, para que possam ler e então discutirmos nos nossos encontros dos dias 27 e 29 de janeiro, juntamente com o texto que já foi enviado.

Vocês devem clicar com o botão direito do mouse no link abaixo, selecionar "salvar destino como", escolher um local no computador e clicar em salvar. O arquivo está em PDF.

http://www.grupogaia.art.br/efeito_zapping.pdf

Divirtam-se!

PS1: o texto foi escaneado do meu livro, portanto, está cheio de anotações.
PS2: Dani, como tua presença nos ensaios será somente daqui um mês, sugiro que em algum momento possas nos encontrar por aqui com comentários da viagem, da ausência, e até dos textos...

15 de janeiro de 2009

De olhos fechados!

Colocar as duas mãos no teclado, para quem fez datilografia com eu, é também dançar. Muito bem, os dedos vão dançando pelas teclas, assim, alternadamente, hahaha. Deixar os dedões dançando livremente é muito importante. O significado do " dançando livremente" pode variar muito, como nós, os gaianos macarenos sabemos!

O ensaio de hoje foi para mim especialmente significativo, primeiro porque recebemos a notícia da primeira baixa no grupo, e para mim é uma baixa de altíssima importância. Vou sentir muita falta da Beta, porque ela, além do Di, é uma referência forte nesse negócio de dança. De volta, de retorno, de (re)descoberta, seja lá como for... De qualquer forma partir também é ficar. E muito dela fica em mim, principalmente a inteireza que ela demonstra como artista e como gente.

O outro ponto importante no ensaio de hoje é que senti pela primeira vez (ainda é cedo, recém o quarto encontro) um início de sintonia de grupo. Os jogos de hoje proporcionaram uma interação maior, uma brincadeira de olhos fechados, tempos e ritmos diferentes, um universo de possibilidades... Andar de olhos fechados, confiar na sua dupla, aceitar as propostas, reger um grupo de dança sem ver os bailarinos, e perceber como cada um recebe o "comando" isso é muito engraçado. Só isso já daria muito pano para a manga.

O "coro" que anda no mesmo passo, a densidade do momento que revela um sentimento maior, maior que a gente mesmo, que transborda e nos faz chover nas esquinas, nas linhas retas, de costas, de olhos fechados... E de olhos fechados apostar e não ter medo!

Assim me senti hoje: confiando de olhos fechados no processo. Mesmo estando num momento conturbado, artigo do mestrado para entregar, uma viagem transatlântica na semana que vem. O medo da ausência... Como será quando eu voltar? Será que ainda farei parte do grupo? Como o Diego disse hoje, somos feitos de carne, de ossos, de sentimento, de vontades... O grupo vai ganhando aos poucos vida própria. E essa vida que vai dar a cara do novo trabalho que nasce... Vai também mostrar o procedimento a ser usado e tudo o mais.

Ah, gostaria de dizer que o ensaio de terça foi muito bom para mim, e que a energia que senti foi muito boa! Uma energia de trabalho, de criação.

Estou curtindo muito o trabalho e vou sentir por ficar longe um mês! Mas é por uma ótima causa.

13 de janeiro de 2009

Diálogos Satélites sobre Macarena

Após dois ensaios presenciais o projeto coloca a minha pessoa certas impressões/sensações que vejo pertinentes em compartilhar neste blog.

A primeira delas se refere ao momento que usamos a coreografia matriz e aos poucos, conforme a mudança do estímulo sonoro (no momento músicas e áudio de reportagens), vamos nos deixando contaminar por este estímulo e respondendo através do movimento. Meses atrás tive contato com este procedimento através de um workshop, confesso que foi praticamente paralisante; desenvolver a habilidade de dialogar com o áudio mutante e o corpo/coreografia chama um requisito de disposição e atenção intensos. Agora revisitando este procedimento ele me parece mais dialogável uma vez que assumi a questão usando uma abordagem mais exploratória e menos exatista; dentro desta postura este procedimento se tornou um dos momentos mais instigantes e aparentemente inesgotáveis dos ensaios, que inevitavelmente ressoa no resto dos dias com a estímulo sonoro da máquina de lavar roupa, os carros na rua, o jornal por debaixo da porta, os vendedores de ouro da Andradas. O mais interessante não é estar dentro do projeto, mas o projeto estar dentro da gente.

O segundo comentário se refere a nossa bailarina-observadora de hoje, a Luiza, que devido a uma lesão ficou encarregada de olhar o ensaio e anotar impressões. O fato é que é diferente estar no campo de visão/observação de alguém que “deveria” estar alí do seu lado executando junto. A constante vontade de requisitá-la para dançar e a “falta” de uma das vozes nas coreografias. É interessante pela questão de estarmos começando o projeto mas inevitavelmente conversando com os corpos-expressão de nossos parceiros, o posto de observação da Luiza mexeu em mim não pelo que ela estava fazendo mas pelo que ela não estava fazendo.

O terceiro ponto que venho arguir é a parte final de nosso ensaio de hoje onde cada um dos bailarinos escolheu entre “personagens/condições” pré-definidas pelo Diego e trabalhou com a coreografia matriz. Apenas para registrar: Jenifer (a risonha), Nilton (na rua, batedor de carteira e guarda de trânsito), Dani (a prostituta), Roberta (a cega), Thaís (a modelo), Fabi (a bailarina clássica) e eu (o bêbado). Foi um exercício com várias tentativas, interações, alterações e a constante reinvenção da partitura do personagem. Quanto mais nos aproximávamos e nos contaminamos mais contamos todos uma só história e nos interdependíamos. Ao final, quando começamos a trabalhar em duplas, ficamos eu e Fabi (o bêbado e a equilibrista) onde a corda de diálogo era mais tesa e portanto o feedback de cada ação era requisitado mais rapidamente; Foi bem curioso e com gosto de quero mais este trabalho.

O quarto e final destaque que venho trazer é que anulando o ritmo musical e usando um de leitura deparei-me com a letra de nossa Macarena e coloquei-a lado-a-lado com nossos “personagens da noite”. Ipsis Literis nenhum deles está contido na narrativa porém todos são potenciais contedores da mesma, ou seja, a transdução pode se dar pelas mais variadas formas, seja de uma letra, seja de uma batida. Como se dança a Macarena sem dança-la?

12 de janeiro de 2009

UMA AULA PARA MACARENA

A formalidade de uma "aula de dança" nem sempre auxilia o processo. No Gaia, sempre pensamos dessa forma, sem, no entanto, menosprezar essa prática. O que temos em mente é que uma aula, sem contexto específico, (sem dúvida) ajuda o artista em sua caminha individual, mas não (necessariamente) auxilia o processo específico.

"Aulas" podem ser feitas de muitas maneiras. Na realidade, prefiro o termo "prática" pois, pelo menos pra mim, parece mais abrangente. Práticas para o corpo, para o criativo, para o próprio processo de construção, práticas teóricas, práticas virtuais, enfim...

Inserida nesse projeto de forma diferente, uma vez que a cabe ao Diego o direcionamento criativo deste projeto, e tendendo para o foco nas práticas do corpo, percebi que seria interessante trabalhar o velho conceito da aula de dança, porém completamente inserida nos objetivos criativos do projeto.

Isso me levou apensar na seguinte pergunta: De que forma pode-se construir uma prática que se foque, exclusivamente, na qualidade de execução e suas variáveis, sem deixar de considerar os ideiais criativos do projeto e seu eixo articulador e motivador?

O resultado desse questionamento desdobrou-se em um desafio que reconfigura a noção formal da aula que serve para tudo para uma noção de aula que serve para isso!


Serve para:


- trazer unidade a um grupo eclético;

- desenvolver a qualidade de execução desse movimento (nossa partitura matriz)

- fazer pensar as lógicas do corpo;

- disciplinar nós mesmos;

- auxiliar o processo de construção da obra;

-

-

-

-

- e descobrir, ao longo do seu desenvolvimento, outras serventias que nem mesmo eu poderia citar nesse momento do projeto.

11 de janeiro de 2009

UMA AVALANCHE DE MACARENA - PARTE V

I am not trying to seduce you

When I dance they call me Macarena
and the boys they say que soy buena
they all want me
they can't have me
so they all come and dance beside me
Move with me
Chant with me
and if your good I'll take you home with me

Dale a tu cuerpo alegria Macarena
Que tu cuerpo es pa' darle alegria y cosa buena
Dale a tu cuerpo alegria, Macarena
Hey Macarena

But don't worry about my boyfriend
He's a boy who's name is Vitorino
I don't want him
couldn't stand him
He was no good so I ...

Now come on, what was I supposed to do?
He was out of town and his two friends were sooo fine

Dale a tu cuerpo alegria Macarena
Que tu cuerpo es pa' darle alegria y cosa buena
Dale a tu cuerpo alegria, Macarena
Hey Macarena

I am not trying to seduce you

Come and find me, my name is Macarena
always at the party con las chicas que soy buena
come join me,
dance with me
and you fellows chant along with me

UMA AVALANCHE DE MACARENA - PARTE IV

"Macarena" é uma canção da dupla espanhola Los del Río sobre uma mulher de mesmo nome, ou qualquer mulher da vizinhança de La Macarena, em Sevilha. Ela fez muito sucesso entre os anos de 1995 e 1997, e foi a música de maior sucesso de 1996.

A canção se tornou o segundo single com mais tempo em #1 e estreiou no topo do ranking dos singles de maior sucesso na primeira semana nos EUA. A dupla foi eleita como "1º Maior One-Hit Wonder de todos os tempos" pela VH1 em 2002.

"Macarena" foi remixada pelos Bayside Boys e adicionada de letra em inglês. No Brasil, ganhou uma versão axé. O sucesso veio após a criação da dança, por uma instrutora venezuelana de flamenco, que se espalhou pelo mundo em 1996 como o hit de verão e acabou sendo esquecida em 1997.

A canção foi eleita como sendo a 2ª mais irritante da história da música pela revista Rolling Stone [1] e a 10ª mais irritante pelo site The Sun.

ORIGEM E HISTÓRIA
Como resultado de sua longa carreira, Los del Río foram convidados para fazer uma turnê pela América do Sul em Março de 1992 e, enquanto visitavam a Venezuela, eles foram convidados para uma festa particular organizada pelo empresário venezuelano (de ascendência cubana) Gustavo Cisneros. Vários venezuelanos proeminentes estavam na festa naquela noite, incluindo o presidente na época, Carlos Andrés Pérez.

Cisneros contratou uma professora local de flamenco, Diana Patricia Cubillán Herrera, para fazer uma pequena apresentação para os visitantes, e Los Del Rio ficaram muito surpresos com as habilidades de dança de Cubillán. Espontaneamente, Romero recitou o refrão da canção em um palco, como uma acolhida à Cubillán, mas chamando-a de "Ma'dalena" (Magdalena): "Dale a tu cuerpo alegría, Ma'dalena, que tu cuerpo e' pa' darle alegría y cosa' buena'" ("Dê ao seu corpo alegria, Magdalene, porque seu corpo serve para dar alegria e coisa boa"). Na cultura australasiana, chamar uma mulher de "Magdalena" é dar a ela uma associação com o passado de Maria Madalena e, mais precisamente, a descreve como sendo sensual ou misteriosa. [2]

Romero viu grande potencial na rima improvisada e, de volta a seu hotel, a dupla formou as estruturas básicas da canção. Como "Magdalena" já era o título de uma canção do cantor mexicano Emmanuel, muito popular na época, Romero sugeriu que eles usassem "Macarena" como nome da canção, sendo que além de ser parte do nome de uma de suas filhas, é um nome popular na Andalusia, dando a ele associação com a Virgem de Macarena, a encarnação de Virgem Maria que é a patrona do bairro de Sevilha barrio La Macarena. A dictomia da Virgem-Macarena provavelmente explica o resto da letra: uma canção sobre uma jovem mulher, a namorada de um recente recruta do Exército Espanhol de nome Victorino (cujo nome pode ter sido inspirado em uma espécie de boi com longos chifres, evocando o cornudo, ou a vítima masculina da infidelidade de sua parceira, auma imagem mental comum na cultura da Espanha e da América Latina), que celebra seu relacionamento com a garota saindo com dois amigos seus. Macarena tem uma queda por homens de uniforme, passando vários verões em Marbella, e sonhando em fazer compras em El Corte Inglés (o departamento com maior estoque de roupas na Espanha), indo para New York City e conseguindo um novo namorado.

A canção foi lançada originalmente em 1993, como uma rumba. Essa era a primeira do total de seis versões da canção que estão associadas a Los Del Río. Outra versão, um tema com fusão entre new flamenco rumba pop com várias letras em espanhol, conseguindo um significante sucesso na Espanha e no México. Ela também se tornou popular em Porto Rico devido a seu uso para uma campanha não-oficial em favor do então governante Pedro Rosselló, que estava almejando uma reeleição pelo chapa do Novo Partido Progressista de Porto Rico. Sendo base de vários cruzeiros, mmuitos visitantes foram constantemente expostos à canção durante sua visita a Porto Rico. Isso certamente explica como a canção se espalhou tão rapidamente — e se tornou um megahit — por cidades com grandes comunidades latinas nos Estados Unidos, particularmente Miami e New York City.

Após ser remixada pelos Bayside Boys e ter algumas letras em inglês adicionada a si, ela se tornou um grande hit mundial no verão (hemisfério norte) de 1996. O single permaneceu por 14 semanas consecutivas no topo da parada musical norte-americana Billboard Hot 100, uma das maiores permanências no topo na história do Hot 100. Durante sua época de sucesso, a canção era tocada constantemente em jogos profissionais, rally's, convenções, e outros lugares. A Macarena se tornou popular através do ano de 1996, mas no final de 1997, sua popularidade caiu assutadoramente. A canção também quebrou recordes de permanência na parada Hot 100 com suas 60 semanas.

A canção também recebeu um cover de Los del Mar, que foi primeiramente lançado em 1995 e novamente ao mesmo tempo que a original no Reino Unido na esperança de enganar as pessoas, fazendo com que elas comprassem sua versão por engano. Ela não alcançou o top 40, mas a versão de Los del Río chegou à posição #2. No Canadá, porém, a versão de Los del Mar se tornou muito popular no MuchMusic e no top 40 das rádios do país em 1995, eclipsando parcialmente a popularidade posterior da versão original.

Em 1997, a canção vendeu mais de 11 milhões de cópias. Apesar de ter direito apenas à 25% como royalties pela canção, Romero e Ruiz se tornaram consideravelmente milionários. De acordo com o Serviço de Notícias da BBC, apenas durante o ano de 2003 — uma década após o lançamento inicial da canção — Romero e Ruiz arrecadaram mais de US$250,000 em royalties. Julio Iglesias é citado dando os parabéns à dupla pessoalmente: "Meu sucesso cantando em inglês em Miami não é nada comparado ao seu; vir de Dos Hermanas com uma pequena exposição internacional em todos os lugares e vender tantas cópias na Espanha custa duas grandes caixas de cojones.[3]"

No documentário de 2002 da VH1, 100 Maiores One-Hit Wonders, "Macarena" foi eleita como a #1. Também em um documentário diferente da VH1, As 40 Piores Canções N° 1, "Macarena" foi eleita a #1 como sendo um oxymoron.


COREOGRAFIA
O que mais marcou a canção foi sua coreografia, inexistente na versão original. Simples, engraçada e no ritmo da música:

1. Coloque os braços esticados para frente, com a palma para baixo. Direito, depois esquerdo.

2. Coloque as mãos na parte de trás da cabeça. Primeiro direita, depois esquerda.


3. Coloque as mãos na cintura. Primeiro direita, depois esquerda.


4. Abaixe-se "rebolando", no grito: "EEEEEE, Macarena!"
Dê um pulo, girando a 90° no sentido horário, no grito "AAAAAI!" (hahaha)




Um soldado norte-americano ensinando a Macarena a um soldado iraquiano.

UMA AVALANCHE DE MACARENA - PARTE III

UMA AVALANCHE DE MACARENA - PARTE II

UMA AVALANCHE DE MACARENA - PARTE I

Dale a tu cuerpo alegria Macarena
Que tu cuerpo es pa' darle alegria y cosa buena
Dale a tu cuerpo alegria, Macarena
Hey Macarena

Macarena tiene un novio que se llama
Que se llama de apellido Vitorino
Que en la jura de bandera el muchacho
Se metio con dos amigos

Macarena sueqa con El Corte Ingles
Que se compra los modelos mas modernos
Le gustaria vivir en Nueva York
Y ligar un novio nuevo

8 de janeiro de 2009

CRIAÇÃO DA PARTITURA MATRIZ

Fiquei pensando se essa partitura matriz não deve ser uma estrutura de mobilidade do corpo já conhecida de todos, inclusive do público, como a “Macarena”, por exemplo, citada pela Luíza em nosso primeiro ensaio. Parece-me que dá a ver de maneira clara e bem amplificada os possíveis e inúmeros desdobramentos de sentido que podem ocorrer no reprocessamento coreográfico; muito mais do que se fosse algo desconhecido criado em sala de ensaio, ou mesmo criado a partir de algo já estabelecido mas fora do domínio geral da cultura do entretenimento (uma matriz de movimentos criada a partir de coreografias de Bausch, por exemplo). Dá a ver de maneira clara e bem amplificada pois é necessário, para quem vê, uma camada de tempo para apreensão do projeto coreográfico matriz para que somente depois disto a camada de desdobramentos e reprocessamentos deste projeto possam começar a ser desveladas pelo público. Caso seja algo de apreensão rápida, e, principalmente, de identificação corpórea imediata, os desdobramentos emergem em primeiro tempo e plano – nosso objetivo com a pesquisa.

Quer dizer, a Macarena, por exemplo, já é marca da mobilidade do corpo na cultura do mundo; traz, em sua estrutura formal, códigos de dança estabelecidos e de domínio público; uma dança que já está impregnada nos corpos, em suas mobilidades, visualidades, sonoridades, espacialidades, etc. Além de ser um ícone da cultura pop em geral e da dança em particular e que nós, enquanto Gaia, temos interesse em colocar em debate.

Até porque estamos lidando com o conceito de reprocessamento, de pós-produção, e acredito que esta partitura deva ser originariamente já instituída, já posta em circulação na cultura para que nossos propósitos possam ser desenvolvidos e apresentados de forma eloqüente. Como diz Bourriaud (citado em nosso projeto de pesquisa):

“Pos-produção” é um termo técnico utilizado no mundo da televisão, do cinema e do vídeo. Designa o conjunto de processos efetuados sobre um material gravado: a montagem, a inclusão de outras fontes visuais ou sonoras, a legenda, as vozes em off, os efeitos especiais. Como um conjunto de atividades ligadas ao mundo dos serviços e da reciclagem, a pós-produção pertence ao setor terciário, oposto ao setor industrial ou agrícola – de produção de matérias brutas. [...] A matéria que manipulam já não é matéria prima. Para eles não se trata de elaborar uma forma a partir de um material bruto, senão trabalhar com objetos que já estão circulando no mercado cultural, ou seja, já informados por outros. [...] as ferramentas mais frequentemente utilizadas para produzir tais modelos relacionais são obras e estruturas formais preexistentes, como se o mundo dos produtos culturais e das obras de arte constituísse um estrato autônomo apto para agenciar instrumentos de relações entre os indivíduos; como se a instauração de novas formas de sociabilidade e uma verdadeira crítica das formas de vida contemporânea se dessem por uma atitude diferente a respeito do patrimônio artístico, mediante a produção de novas relações com a cultura em geral em com a obra de arte em particular. (BOURRIAUD, 2007, p. 7-9, tradução e grifo nossos)
Tá, confesso que essa citação é bem emblemática para este projeto, vide post abaixo, que já a continha (hehehe).