19 de janeiro de 2009

diário de dentro

Pausa forçada. Bem acomodada, num canto. Mas dentro. Um canto de dentro.

Primeiro dia de caneta em punho. Perna pra cima, joelho imóvel.

Uma fala do Diego me fez pegar a caneta - dança contemporânea tem vocação também pra falar de seus pares, de outras danças, não só do orgânico, do de dentro do corpo, do que forma o corpo físico, mas do que forma o corpo social.

Dancei olhando. Algumas intenções se desenham timidamente nos corpos. Acho interessante quando a partitura fica quase invisível. O Diego parece achar o mesmo. Pede para cada um brincar com um movimento só.

Quando estou dançando não só olhando, sinto necessidade de ser instigada a sair do que é confortável pra mim. Sinto isso nos meus colegas também. Tenho este movimento para além do que me é conhecido como um grande desafio e uma grande vantagem da improvisação.

De dentro de fora, consigo ver aqueles momentos quase mágicos em que algo diferente se instaura. Nos corpos, na relação entre os corpos. Os bailarinos se transformam em um grupo dançando. É lindo ver gente caminhando. Só caminhando. Fecho o foco. Faço um vídeo mental das pernas caminhando. Todas aquelas pernas. Duas de cada um. Um monte.

Difícil ouvir Elis sem cantar. Quaquaraquaquá.

A pausa forçada começa a dar falta de ar. Sou chamada. Várias vezes. Os olhares e os corpos me chamam.

Como é bonito ver gente caminhando.

Um comentário:

  1. Lu lindo o texto...
    fiquei absorvendo as imagens e me inpirando pra mais um dia de treinamento tecnico como eles falam aki....
    as vezes isso me da no saco pq essa sessaum naum to tendo muito contemporaneo... sem espaco soh pra caminahr...
    ai ai
    saudade d vcs bj e boa sorte

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