23 de março de 2009

Bonjour mes petit enfants!

O conteúdo abaixo foi retirado do blog sombriaelegancia.com









De muitas peças que se tornaram must have no guarda-roupa feminino, é provável que poucas tenham um tamanho apelo quanto as luvas. Especialmente as longas de cetim. Lembro sempre da cena clássica em que Gilda (Rita Hayworth) se despe perigosamente das luvas, numa sensualidade que nenhuma cena de nudez do cinema contemporâneo conseguiu ainda alcançar:
A referência mais antiga às luvas no Ocidente remonta à Odisséia, de Homero. As peças também são citadas em trabalhos do historiador grego Heródoto. As luvas se tornaram peça do vestuário feminino ao longo do século XIII, sendo feitas de seda ou algodão e se estendendo geralmente até o cotovelo. Por volta do século XVI, uma guilda de fabricantes de luvas (gantiers) já havia se estabelecido em Paris para proteger o “segredo da peça”. No entanto, estas belíssimas peças só se tornaram definitivamente populares entre a nobreza a partir do reinado de Elizabeth I (Dinastia Tudor), que usava luvas ricamente bordadas, inclusive com jóias! Os gantiers parisienses passaram a produzir não apenas luvas, mas luvas perfumadas com óleos aromáticos, musk, âmbar e outras fragrâncias, que enlouqueciam homens e mulheres nas cortes européias.
A imagem que temos das luvas hoje remete imediatamente ao começo do século XIX, durante a Era Napoleônica e a Restauração Monárquica. A cintura dos vestidos havia subido até um pouco abaixo do busto, criando a famosa silhueta império. Os vestidos de gala tinha mangas curtas e levemente bufantes. O colo, exposto por decotes generosos ainda que delicados, deixava espaço para o uso de jóias sofisticadas. Os tecidos eram leves (musselinas, organzas) e para complementar o visual etéreo, as luvas vinham até acima do cotovelo, confeccionadas em tecidos nobres como cetim, seda e veludo.
Com a Era Vitoriana e a profunda modificação dos costumes orquestrada não pela nobreza, mas pela burguesia industrial, novos padrões de beleza foram apresentados à sociedade. A fina cintura demarcada por espartilhos, as saias amplas que acentuavam essa silhueta em ampulheta, a subida dos decotes em nome da decência e um crescimento do culto às peles morbidamente claras - algo que certamente já vinha do Romantismo. As luvas, assim como os chapéus com véus, assumem a função de proteger a pele do sol e mantê-la sempre clara. Esse padrão vai entrar pelo século XX! Lembro que quando eu estava fazendo a pesquisa para a minha monografia, em jornais da década de 1910, me deparei com algumas “receitas” para manter a brancura e a delicadeza da pele das mãos, que iam desde recomendações para evitar o sol com o uso de luvas, até esfoliações com maizena.
A luva é uma peça de bom gosto e que pode ser facilmente incorporada ao seu dia-a-dia com um pouco de bom senso. Você há de concordar comigo que sair às 8hs da manhã com luvas de cetim preto acima dos cotovelos e uma babylook com calça jeans não é exatamente a coisa mais inteligente de se fazer… Bem, há tipos de luvas para agradar todos os gostos e necessidades:

A luva longa é uma peça que acrescenta um toque de classe e sofisticação ao seu visual. Pode ser encontrada em tecidos que vão desde o cetim até látex, passando, claro, pelas nossas queridíssimas rendas de todos os tipos! É preciso, porém, tomar cuidado com este tipo de luva. Qualquer peça que cubra as mãos ou apenas parte dos braços acaba atraindo a atenção para o tronco, o que é natural. Mas no caso das luvas longas, a parte superior dos braços também fica muito destacada, o que pode não ser uma boa se você, assim como eu, tem maravilhosos bracinhos roliços.
DICA: use e abuse com corsets overbust


Muito utilizado pelas noivas e meninas durante a primeira comunhão, este tipo de luva tem a vantagem de ser infinitamente mais discreta e delicada, não causando aquele impacto em cima da sua roupa. Com um comprimento em média de 4 dedos acima do punho, pode ser usada com mangas 3/4, criando um efeito muito harmonioso e feminino. Este tipo de luva pode ser encontrado em lojas de artigos para noivas ou, se você der sorte, em lojas de artigos para dança.



Luvas de renda preta desse tipo eternamente me lembrarão a Madonna em seus tempos áureos - nem mulher, nem menina, só uma garota levada. Essa é a impressão que este tipo de peça cria. Você tem de um lado a sofisticação da renda e de outro um ar inconseqüente e juvenil. Não use com manga longa, nem 3/4, sob pena de “fatiar” seu corpo. Uma manga do tipo japonesa ou babylook já cumpre seu papel.


A luva clássica, que pode vir em tecidos mais pesados, como veludos e lãs de vários tipos. Este tipo de luva pode ser usado tanto com manga longa quanto mangas mais curtas. Particularmente acho que ficam um charme com uma manga bufante bem delicada. Para mim, a variante mais charmosa desse tipo são as luvas de pelica, que eram muito utilizadas pelas senhoras elegantes para cavalgar.

ONDE COMPRAR LUVAS
* Lojas de artigos para noivas ou para dança;
* Lojas de fantasias (sim, você encontra, mesmo que não sejam de boa qualidade);
* Algumas lojas de moda alternativa, principalmente os modelos de renda e cetim;
* Brechós e lojas de antigüidades
Para os adeptos de um estilo mais puxado para o industrial, hoje em dia já é possível encontrar boas luvas de látex cirúrgico em tons de preto e até vermelho, mas eu não saberia dizer exatamente onde comprar estas peças.

Au Revoir



Um comentário:

  1. olá, para comprar a de látex preta, procure em lojas de produtos para cabeleireiros. Fui!!

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