9 de abril de 2009

Reprocessamentos...

... para mim, um projeto bastante diferenciado dos demais feitos pelo Gaia.
Primeiro, por que me insere de outra forma. Pelo menos da minha parte existe a clareza do papel do Diego enquanto o proponente do projeto e responsável pela forma que ele vai tomar como obra e do meu papel enquanto colaboradora/facilitadora dessa ação de criação de um espetáculo.
Com relação à essência do projeto, para mim está muito próximo à lógica de criação do Mulheres. Explico: ao iniciar os trabalhos das obras anteriores do grupo, existia um caminho bastante claro a ser seguido: uma história, um livro, uma trilha.
Desde Mulheres, acho que esse caminho mais delimitado passa a dar lugar a uma orientação que terá seu caminho desenhado ao longo do andamento do próprio projeto.
Falar que serão reprocessadas lógicas coreográficas, lógicas audiovisuais é uma orientação que pode ter enquanto trajetória vários caminhos diferentes, mas todos chegam num mesmo propósito: o objetivo do projeto que, para mim é entendido como
Revisitar coreografias já existentes (Macarena – mas poderia ser o Triller do Michael Jackson, o Flash Dance - que eu até propus ao Di, ou a coreografia do É o Tchan, por que não) pertencentes ao universo pop (que interessa ao Di, a Ale e ao Gaia) e inseri-las na lógica de dança enquanto manifestação artística não pertencente ao dia a dia do sujeito comum (que não a percebe enquanto dança)
Pensando dessa forma, o que vejo hoje, enquanto formalização dessas idéias é uma série de escolhas (nada mais complexo que isso) que nos levaram a optar pela Macarena, pelas pessoas que compõem o projeto, pelas músicas que foram, de uma forma ou de outra, proposital ou surpreendentemente revelando caminhos possíveis para essa orientação, pelas formas de desvelar o que o projeto nos propõe enquanto caminho – buscando nessas formas diferentes criar novas zonas de (des)conforto para todo mundo, de modo que novas referências, vivencias, pensamentos, sensações, movimentos e ações surjam de forma genuína e particular desse projeto.
Por isso não percebo que os momentos de desconforto de cada um sejam conseqüências negativas de um processo metodológico mau conduzido. Mesmo não sendo proposital – cutucar essa zona inquieta – confrontar as pessoas com outras/novas/diferentes formas de se colocar, participar, criar e reproduzir (porque não?!) atualiza as descobertas que oferecem individualidade de cada projeto, de cada obra.
Nesse sentido, não caberia (de forma alguma) ter um caminho já pronto com aberturas pouco significativas para novas e impensadas proposições. Por isso a coisa toda vai se descobrindo ao longo de cada ensaio, de cada troca de e-mail, de cada leitura do blog ou de cada um individualmente quando se descobre ou questiona a própria inserção no projeto. Pois é disso que é feito um projeto de pesquisa (prática): ora certezas, ora incertezas, inquietudes ou confortos, descobertas e tudo mais que pode acontece quando nos permitidos ver o que acontece.

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